sábado, 28 de novembro de 2015

Iniciando as atividades

Penso que muitxs orientadorxs devem ter assumido uma função inédita. Comigo foi assim, passei num concurso e pimba, me vi subordinada a diversos chefes que não tem uma clareza a cerca do papel dx orientadorx social. Foi bastante confuso e frustrante no começo, demorei para identificar que o ponto positivo dessa "bagunça" toda é que seria uma oportunidade de participar da construção e implementação desse cargo e sua função.

Quanto mais leio sobre a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e a função do Orientador Social mais admiro essa política e sinto que isso é realmente o que quero fazer e no que acredito, como potencial transformador da sociedade.

Porém, embora a PNAS seja bastante clara e bem amarrada (rompendo claramente com as práticas históricas de assistencialismo e buscando catalizar as potencialidades do público alvo, invés de estigmatizar suas carências, tendo como importante ferramenta o serviço de convivência) sua implementação enfrenta desafios. No que me concerne, enquanto Orientadora Social, a atual gestão de nosso município tem um entendimento bastante pobre do SCFV e a importante função do orientador é incompreendida.

Para elucidar, os serviços de SCFV são ofertados e geridos fora do CRAS. Faz 6 meses que eu e minha amiga assumimos o cargo de Orientadora Social, fomos direcionadas a trabalhar na Secretaria de Desenvolvimento Social em um desses serviços. Nossa tarefa era convocar mulheres para uma reunião sócio educativa, coletávamos assinaturas para provar nosso trabalho, com a meta de 20 por dia, e eramos orientadas a dizer que a presença era obrigatória para garantia do Bolsa Família (algo inconstitucional, conforme a Lei 10.836/2004). No resto do tempo ficávamos ociosas. Em casa, lia e relia o edital, a NOB-RH e tudo o que dizia sobre o Orientador Social no site do MDS e me sentia cada vez mais frustrada, por comparar o abismo entre a teoria e a prática. Sem espaço para o diálogo com a chefia, começamos nos aproximar do CRAS e do corpo técnico. Ainda que a ordem imediata fosse outra. No entanto, mesmo dentro do espaço técnico, sinto que somos subestimadas por trazermos a alcunha de "nível médio", não participamos das reuniões e as tarefas são impostas prontas. Nosso tempo é gasto com realização de cad e busca de usuários para atualização. Ainda não desenvolvemos as atividades de SCFV e tão pouco podemos realizar oficinas culturais.

Tentando contornar isso, escrevemos a proposta de 3 planos de ação com base no que vemos território e no que acreditamos e não obtivemos nenhuma resposta formal da secretaria, e sem o material necessário não pudemos realizar as atividades. Informalmente nos disseram que a secretária entende que não é função das orientadoras planejar ações, e olha que as ações estavam no nome das técnicas de nível superior, ficou por isso mesmo. E as crianças de 06 a 12 anos seguem sem acesso a esse serviço.

Uma colega, que teve que usar seus contatos para ser chamada (vide que uma vaga continua aberta sem previsão de convocação) ainda está "retida" na secretaria faz mais de mês, e bastante descontente.

Acreditamos, porém, que esse quadro pode mudar, pois estamos vivenciando uma capacitação com uma pessoa bastante experiente e esclarecida. Posso trazer o contato dele aqui como sugestão, uma vez que a capacitação periódica é obrigatória, conforme a política!

Posto isso, fico a imaginar como é a rotina d@s divers@s orientador@s sociais pelo Brasil. Acredito que alguns municípios tem uma compreensão maior da importância desse cargo e asseguram os meios de trabalho, outros penso que podem apresentar situações de opressão e desvalorização.

Sinto imensa falta de um espaço onde possa entrar em contato com outr@s orientador@s e compartilhar experiências, inquietações, informações para assim fortificar-nos!