Trabalhando diretamente com a
gestão municipal me parece ter claro alguns dos fatores que contribuem com o
enfraquecimento do poder público. Especificamente sobre a Assistência Social,
estamos atualmente, em processo de implantação da Política Nacional de
Assistência Social. No meu atual nível de conhecimento sou incapaz de tecer
críticas à essa política. É bem completa, bem embasada, os serviços tem
diretrizes, e rompe com a visão assistencialista, deixa de focar nas ausências
para expandir as potencialidades. Penso que qualquer ser humano com um mínimo
de sensibilidade crítica se encantaria. Pensava. Pensei, que o documento, a
palavra, o objetivo e a ideia seriam mais importantes dos que o partido do
presidente que assinou embaixo. Em recente reunião, percebi estar bem iludida.
Foi um daqueles momentos de
choque. Quando se escuta da boca do secretário da assistência social algo como “não
importa a política nacional de assistência social, vc tem que fazer o que eu
mando”. O susto foi tão grande que em choque pensei que nada adianta. Me
esqueci de quantos CRAS foram abertos, de quantos orientadores sociais estão
realizando ações profundamente transformadoras dentro do Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos. Mas como? Como por em prática essa política
quando, aparentemente, o principal objetivo dos gestores é enfraquecê-la ou se
apropriar dos serviços travestindo-os de cabo eleitoral?
Ainda existe um forte domínio da
velha ideia da política como um jogo. Ainda ouço eleitores que não vão votar em
fulano porque quando precisou ele não ajudou, e ainda ouço candidatos que ajuda
para ganhar voto. Como se a política fosse uma troca de favores e interesses
pontuais, pessoais. Ideias assim destroem qualquer possibilidade de democracia
e transformação social. A nomeação de cargos importantes como secretários é
pautada nessa mesma ótica de troca de favores, sem se levar em consideração
habilidade e competência. E então ficamos a observar ordens estapafúrdias
totalmente contrarias à Política Nacional, enquanto torcemos por mais sorte nas
próximas eleições. Sorte, pois não há a menor possibilidade de as pessoas que
são referência em determinado assunto influenciar quem será o gestor da pasta.
Penso que estar atenta a essa tendencia propicia à nós orientadoras, a identificação de nós e entraves quanto a universalização do serviço, e ao real trabalho de autonomia e empoderamento, dentro de uma visão crítica da sociedade. Além da dificuldade em se promover a participação atuante e bem informada dos usuário na vida pública.
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